Coronavírus mata mais os hispânicos em Nova York

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, nesta segunda-feira no Estaleiro Naval do Brooklyn.Michael Appleton /

EFE

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O coronavírus está sendo desproporcionalmente mais letal entre a população hispânica de Nova York. Segundo dados oficiais, 34% dos mortos pela Covid-19 são hispânicos, apesar de só representarem 29% da população nova-iorquina. Os afro-americanos estão também sendo mais golpeados, embora em menor medida que os hispânicos: eles constituem 28% dos mortos, e seu peso na população da cidade é de 22%. Os brancos, por outro lado, constituem 32% da população, mas são 29% dos mortos pelo coronavírus. Assim revelam as cifras do Departamento de Saúde da cidade, pela primeira vez discriminadas por grupos étnicos.

“Isto me enfurece muito. É repugnante, é preocupante”, disse o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio. As diferenças, argumentou o político, são explicadas em boa medida pelas desigualdades econômicas, que afetam o acesso ao atendimento hospitalar.

“Há desigualdades claras, disparidades em como esta doença está afetando as pessoas de nossa cidade”, disse De Blasio. “A verdade é que, de muitas maneiras, os efeitos negativos do coronavírus, a dor que ele está causando, a morte que está causando, tem a ver com outras profundas disparidades que vimos há anos e décadas.

De Blasio e a sua secretária de Saúde, a médica Oxiris Barbot, disseram que alguns dos moradores hispânicos da cidade podem se mostrar reticentes a ir a um médico devido “à camada de retórica anti-imigração em todo o país”.

Também o governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, se referiu em sua entrevista coletiva diária a essa maior mortalidade nas minorias latina e afro-americana. Cuomo recordou que “provavelmente” há uma alta proporção destas minorias nos trabalhos de atendimento direto ao público que permanecem abertos. “Faremos uma investigação”, disse. Mas apontou que os dados em Nova York “não se parecem em nada com os de outros lugares”, em referência às cifras de Chicago publicadas na terça-feira, onde os negros, sendo 30% da população, sofrem 70% das mortes pela pandemia.

Os dados revelados pela cidade também indicam taxas de mortalidade notavelmente mais altas entre os pacientes afro-americanos e, sobretudo, hispânicos. Entre estes últimos, registram-se 22 mortes por cada 100.000 pessoas. Entre os afro-americanos, 20; e entre os brancos, 10.

Estatisticamente, latinos e afro-americanos têm pior acesso à saúde que a média e sofrem mais doenças crônicas, algumas das quais, como diabetes, asma e doenças cardiovasculares, constituem fatores de risco agravado para a Covid-19. “Muita gente tem dificuldade em obter a ajuda médica de que necessita, ou não tem dinheiro para pagá-la. Por isso muita gente vive com doenças crônicas”, disse De Blasio.

As cifras divididas por etnia correspondem apenas a 63% das mortes da cidade, porque o dado não foi processado em todos os óbitos. O Estado de Nova York é um dos grandes epicentros mundiais da pandemia atualmente. Nesta quarta-feira, registrou 779 mortes, o maior número de mortes em 24 horas pela Covid-19 até agora. À tarde, havia quase 150.000 casos confirmados e um total de 6.268 mortes pelo novo coronavírus.

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