A Hachette anunciou na segunda-feira que, após ser recusada por quatro marcas, as memórias do cineasta apareceriam em sua editora Grand Central em 7 de abril. Desde então explodiram as críticas centradas nas acusações de que Allen abusou sexualmente de sua filha Dylan Farrow quando ela era criança. O diretor nega os fatos e não foi acusado formalmente. Um dos primeiros a tornar público seu descontentamento foi Ronan Farrow, que afirmou se sentir “decepcionado” com a empresa francesa, a mesma que no ano passado publicou seu livro Catch and Kill.
“Esconderam a decisão de mim e de seus próprios funcionários enquanto estávamos trabalhando em Catch and Kill, um livro sobre como os homens poderosos, incluindo Woody Allen, escapam da responsabilidade por abuso sexual”, escreveu o jornalista, de 31 anos, na noite de terça-feira em seu perfil do Twitter. No dia seguinte, o vencedor do Pulitzer em 2018 por sua reportagem de investigação sobre os abusos do produtor Harvey Weinstein, rompeu com a editora.
“Somos solidários a Ronan Farrow, Dylan Farrow e outras vítimas de abusos sexuais”, disseram na quinta-feira em um comunicado os funcionários que protestaram diante da sede da editora Grand Central Publishing. Dylan tuitou sobre as manifestações: “Estou surpresa e muito agradecida pela solidariedade” dos funcionários. Os dois irmãos Farrow criticaram publicamente que a editora não tenha checado a informação das memórias com eles. “Como editores nos asseguramos todos os dias de que diferentes vozes e pontos de vista possam ser expostos e ouvidos. Também, como empresa, estamos comprometidos a oferecer um ambiente estimulante, aberto e de apoio aos nossos trabalhadores”, afirmou a empresa francesa ao comunicar a recusa a publicar as memórias do cineasta. “Nos últimos dias, a direção da Hachette manteve longas conversas com nossos trabalhadores e outros. Após escutá-los, chegamos à conclusão de que levar adiante a publicação não era factível para a Hachette”, diz o comunicado publicado na sexta-feira.
Na Espanha a editora Alianza pretendia publicar as memórias de Allen em 21 de maio. Após tornarem-se públicas as notícias da mudança de planos da Hachette e ser contatados pelo EL PAÍS, fontes da Alianza afirmaram que ainda não tomaram uma decisão sobre se continuarão com o livro. Um porta-voz da editora afirmou que antes de segunda-feira não haverá uma decisão.