Woody Allen: “A ideia de que abusei da minha filha de 7 anos era tão absurda que nunca falei sobre isso”

target=”_blank” href=”https://brasil.elpais.com/noticias/woody-allen/” target=”_blank”>Woody Allen não tem quem publique suas memórias nos Estados Unidos. A editora Hachette anunciou na tarde de sexta-feira que por fim não imprimirá Apropos of Nothing (a propósito de nada, em tradução livre), a autobiografia do cineasta, após a enxurrada de protestos que recebeu e depois que Ronan Farrow, jornalista e filho de Allen, rompeu com a Hachette pelo lançamento. Dezenas de funcionários da editora se manifestaram na quinta-feira contra a publicação em sua sede em Nova York. “A decisão de anular o livro do senhor Allen foi difícil de tomar. Levamos muito seriamente a relação com nossos autores e não cancelamos livros por qualquer motivo. Publicamos e continuaremos publicando muitos livros desafiadores”, afirmou em um comunicado o grupo Hachette Book Group. A editora devolverá a Allen os direitos do livro.

A Hachette anunciou na segunda-feira que, após ser recusada por quatro marcas, as memórias do cineasta apareceriam em sua editora Grand Central em 7 de abril. Desde então explodiram as críticas centradas nas acusações de que Allen abusou sexualmente de sua filha Dylan Farrow quando ela era criança. O diretor nega os fatos e não foi acusado formalmente. Um dos primeiros a tornar público seu descontentamento foi Ronan Farrow, que afirmou se sentir “decepcionado” com a empresa francesa, a mesma que no ano passado publicou seu livro Catch and Kill.

“Esconderam a decisão de mim e de seus próprios funcionários enquanto estávamos trabalhando em Catch and Kill, um livro sobre como os homens poderosos, incluindo Woody Allen, escapam da responsabilidade por abuso sexual”, escreveu o jornalista, de 31 anos, na noite de terça-feira em seu perfil do Twitter. No dia seguinte, o vencedor do Pulitzer em 2018 por sua reportagem de investigação sobre os abusos do produtor Harvey Weinstein, rompeu com a editora.

“Somos solidários a Ronan Farrow, Dylan Farrow e outras vítimas de abusos sexuais”, disseram na quinta-feira em um comunicado os funcionários que protestaram diante da sede da editora Grand Central Publishing. Dylan tuitou sobre as manifestações: “Estou surpresa e muito agradecida pela solidariedade” dos funcionários. Os dois irmãos Farrow criticaram publicamente que a editora não tenha checado a informação das memórias com eles. “Como editores nos asseguramos todos os dias de que diferentes vozes e pontos de vista possam ser expostos e ouvidos. Também, como empresa, estamos comprometidos a oferecer um ambiente estimulante, aberto e de apoio aos nossos trabalhadores”, afirmou a empresa francesa ao comunicar a recusa a publicar as memórias do cineasta. “Nos últimos dias, a direção da Hachette manteve longas conversas com nossos trabalhadores e outros. Após escutá-los, chegamos à conclusão de que levar adiante a publicação não era factível para a Hachette”, diz o comunicado publicado na sexta-feira.

Na Espanha a editora Alianza pretendia publicar as memórias de Allen em 21 de maio. Após tornarem-se públicas as notícias da mudança de planos da Hachette e ser contatados pelo EL PAÍS, fontes da Alianza afirmaram que ainda não tomaram uma decisão sobre se continuarão com o livro. Um porta-voz da editora afirmou que antes de segunda-feira não haverá uma decisão.

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